Sábias flores
Sabe daquelas flores,
que nasceram lindas e delicadas
por entre as escarpas escondidas
no fundo mais distante dos vales
daquelas montanhas ao longe,
que só se deixam ver de azuis?
Elas fizeram seu papel!
Não se lustraram, não vestiram
como as mais nobres princesas...
Não fizeram românticos rituais...
Não conheceram o veneno ilusório
do espelho...
Não pintaram os lábios de vermelho,
tão pouco, olharam direto aos olhos
do poderoso toque da paixão!
Perfilaram-se, coloridas e belas,
num elegante jardim...
Criaram um perfeito nicho.
Viveram somente à luz dos céus azuis e dos
luares igualmente belos...
Não quiseram o poder...
Sequer conheceram sinais de torres,
nem o som de tambores, que enunciavam os
esquisitos pendores dos elegantes e poderosos dinheiros e
senhores de castelos!
Viveram ao sabor do tempo e ao vento...
Ouviram em silêncio com certeza;
as melhores canções...
Elaboradas pelos rasantes vendavais,
pássaros que retornavam de longas revoadas...
Receberam breves visitas de borboletas,
cintilantes arco-íris, chuvas finas e temporais...
Nunca se viu notícia do homem, nem que
de passagem ou por miragem,
as tocassem...
Sabe daquelas flores?
Que nasceram lindas e delicadas
por entre as escarpas escondidas
no fundo mais distante dos vales,
daquelas montanhas ao longe
que só se deixam ver de azuis?
Elas fizeram seu papel!
Hoje porém,
toda vez que olho para o céu,
pergunto: Alguém me vê?
Creio profundamente em Deus!
Sei que ele é invisível aos meus olhos de homem!
Mas, e as inocentes flores espalhadas por todos os
vales, precipícios, inalcançáveis lugares?!
Por quê Ele as criou?!
Sabe daquelas flores,
que nasceram lindas e delicadas
por entre as escarpas escondidas
no fundo mais distante dos vales
daquelas montanhas ao longe
que só se deixam ver de azuis?
Elas fizeram seu papel!