Gotas de Chuva
Chove,
Observo as gotículas
respingando na vidraça,
descendo carinhosamente
como intermináveis conta-gotas
em infindos jorros de lágrimas vindos do céu...
Espero por você, que está longe
e a chuva não passa...!
Acompanho os desenhos que formam
gotas cadentes,
disputando os espaços
na vítrea passiva janela,
em seu frisson de chover...!
E a chuva escorre sem piedade
de si e nem de mim...!
E eu a esperar por você,
quase chovo vidraças;
e num louvor de descer,
para lhe reencontrar,
procuro entender os mistérios
da chuva...do vento.
Ouço os trovões ao longe
arrisco ver sem desviar meus olhos
os coriscos lampejos, que me encorajam quase ligar
pra você...!
Me ajeito no acento,
continuo a buscar por você,
ainda insisto em não chover por fora,
mas sou tempestade por dentro.
Indiferente ao ignóbil machismo,
que disfarço, um cisco no olho,
e arrisco um inconfessável
suspiro de saudade...!
Olho para cima e vejo que a chuva
não tem começo, meio e nem fim...!
Como o infinito sentimento,
que goteja em mim...!
De repente, há uma estiada:
Mesmo assim, as gotinhas
ainda continuam incansáveis em seus caminhos
de descer à terra.
Então, olho pela vidraça,
e vejo que há um rio lá fora.
Rios que nascem e morrem,
na intenção de levarem
a chuva ao seu recomeço...!
Aí, me atrevo a olhar o relógio,
e sonhar com sua chegada.
Nele, há também gotinhas
pontilhadas... chovendo,
o tempo de mim...perdidos
no tempo de ti.
José Tadeu Alves
Enviado por José Tadeu Alves em 06/10/2009
Alterado em 22/02/2010