Folha Seca
Sou folha seca
ancorada.
Preso ao cantinho do rio.
Um ser leve e breve,
silêncio de passarinho.
Estou me sentindo pequeno,
tão pequeno,
que não ouso de todo
me manifestar.
Posso querer ser,
o que não posso;
e nesse querer,
posso me machucar.
Devo seguir em silêncio,
devo sempre refletir,
antes de navegar...
Tenho que me segurar
às raízes à beira.
Sou folha breve,
sou parte de tudo,
já naveguei meio mundo,
tenho que temer as forças da natureza.
Insistir em ter certeza,
antes de me aventurar.
Sei que tenho de seguir em frente,
não posso desanimar...
Vejo agora, rio afora,
muitas outras folhas passando,
vejo-as navegando,
umas, mesmo verdes,
navegam, outras, ainda são brotinhos,
mas, mesmo assim,
navegam neste grande rio
de pressa ou devagar...
Onde inseguro, me seguro,
às raízes razões do meu navegar.
Sei que tenho que me soltar,
devo deixar-me seguir em frente,
sou folha/parte dessa interminável corrente...
Vejo a todo instante,
outras folhas secas ou não,
que em dado momento,
desaparecem na queda
dessa cachoeira...
Vão sem dúvida,
navegar outros rios...
desses rios, que exigem de nós,
muita fé e esperança,
para crer no poder maior...!
Sou folha seca
ancorada...
preso ao cantinho do rio.
sou um ser leve e breve,
silêncio de passarinho...
José Tadeu Alves
Enviado por José Tadeu Alves em 08/06/2010
Alterado em 08/06/2010