Esboço de mim
Meu riso
ficou assim mesmo,
impreciso.
Riso de pássaro de gaiola.
Meu olhar, é furtivo
de viageiro
é muitas vezes um riso
é de quem ri
em terras estranhas.
É um riso quase feliz
que por um triz
não ri por inteiro.
Meu caminhar,
é passo de monge.
E meu sonhar,
é longe,
meu viver é perto.
Meu suspiro é esperto
é um querer demais,
e um realizar um pouco.
E querer ser normal
em um mundo louco...
Onde poucos ditam "mentiras" a tantos...
E muitos convencem verdades a poucos...
Vivo num mundo
de doces ilusões e
amargas realizações.
Onde, para vencer na vida,
tem que morrer um pouco.
Já estou quase perto da
aposentadoria, quem diria...
Quase três décadas se passaram....
Eu que sonhava tanto
em ser tanto...
Hoje,
apenas sonho, com a quietude de um cantinho...
Talvez uma casinha ao lado, um lago,
para ver, se lá, eu pesco uns peixinhos!
Uma rústica mesa, onde eu possa olhar o
brilho dos olhos de meus filhos...
No entanto,
meus sonhos,
são simples assim;
maravilhosamente simples.
Quase em desencanto...
Ainda ouso olhar ao espelho...
Ainda busco, por um traço de meu passado...
Mas ainda temo, em encarar-me por mais tempo...
por medo de descobrir, verdades que vejo
nos outros...
Nem tenho tempo
para o ódio.
Tenho sim, para o amor...
Busco esculpir
em meus esboços,
os melhores guardados de mim...
que moldei em meus calabouços...
e que insisto em
transmutá-los em paraísos.
Mesmo que para isto,
seja preciso,
recomeçar esse moto-contínuo,
redescobrir de novo,
esse quase desatino,
que é o mistério
de viver...
José Tadeu Alves
Enviado por José Tadeu Alves em 07/06/2011
Alterado em 04/07/2016