Rio que nasce gota,
conta-gota, rio menino
alinhando seu destino.
Adiante mais que gota,
já riacho sonhador.
Rio é sonho de viagem
agora já pede passagem
a outros regatos e arroios
ao destino promissor.
Rio que um dia sonha ainda ser,
sonha, segue, não faz remanso
honrado impulso de bem-querer.
Mais abaixo, no mundo nosso
os caminhos mudam o tino
confusos degraus em desatino
cascatas se formam turvas
silhuetas, pedras e curvas
lhe compelem a acelerar.
O rio segue, agora corredeira
já um riacho maduro, seu
destino se torna mais célere.
Jovem rio agora é leito,
eleito por grandeza a outros
de junto com ele navegar.
Rio inteiro forte, não desanima,
segue em frente, agregando
irmanando a outros rios
que sonhavam esta viagem realizar.
Longa viagem de rio,
cachoeiras e grandes corredeiras
aproveitando sua madureza de rio.
Segue grandioso em seu poder
permitindo que naveguemos,
pesquemos e bebamos
sua história desde gota.
Agora, já é velho rio!
Esgotando-se o caminho, vê e sente
à frente um misterioso e imensurável mar!
Nunca visto por um rio que se considerava
grande e poderoso.
Agora, relaxa e respira: Pensa e lembra
da gota que antes fora!
Desacelera...
Agora vê! Pura quimera...
humilde, se torna de novo regato.
Desliza tranqüilo por entre pedras e mato
declina-se às pedras,
abraça docemente o sal
do majestoso mar...